terça-feira, 6 de março de 2012

A História se Conta Como eu Conto
Por Nei Melo

Yka’ akureru está para ikaiwera gritam os teneteharas, perderam a capacidade de retenção da umidade, viu Reginaldo Telles, mas lá como nas aldeias tikunas, kapiekrans, apanyekras, krikatis já existem as torus nguepataus em meio aos carrascais onde as capivaras vivem, as que sobraram. A yapyru amazônica arde, o Barak Obama nem taí; emas e seriemas correm ainda pelo cerrados; Poromina Minare morre sem nenhum Curt Nimuendaju para salvá-lo, Darcy Ribeiro também já se foi, corremos perigo Tadeu.
Amanajós, tremembés, anapurus, tabajaras, krenjés e tupinambás foram dizimados, nosso trabalho não pode ser servil e nem de clientelismo, acorda Jackson Lago, nós somos a inteligência partidária, não podemos ser ignorados como se fossemos répteis; urubus ka’apor, guajás, kanelas, tembés resistem comendo pupunhas, juçaras, tambaquis, traíras, tucunarés, nós vamos seguir exemplo brasileiros: Prestes, Osvald de Andrade, Olga Benário, Maria Aragão, Leila Diniz, Gregório Bezerra padrões populares de comportamento, viu Jackson, é necessário unidade, mas é preciso limpar o partido. Tomemos o exemplo de Bertold Brecht: “o partido tem mil olhos”.
Quando presenciei o Darcy Ribeiro, no Rio de Janeiro, dizer “povo feio e desdentado de Nova Iguaçu “ ser aplaudido contra a vontade de Brizola, chorei de alegria,um Caymmi rolava sob os dedos do Baden; quando fizemos a montagem de Bordel da Salvação,de Brendan Behan, o patrocinador Adolfo, o Bloch, foi recepcionar os convidados e a cada um que o cumprimentava ele respondia: “adolfudeu”, foi a gloria.
Examinaste meus olhos, quando ainda eras vereador, Tadeu, depois veio uma aproximação via Jean Norberto, lembra? Em seguida a primeira incompatibilidade, um abaixo assinado pedindo a cabeça de Nelson Brito, não sabe quantas toneladas de argumentos para justificar que ele (Nelson) culturalmente é competente, mas os seus pecados administrativos nem tanto. Todo mundo tem seus enigmas, quer saber de uma que é de arrepiar os cabelos, o matador de negros fugidos e dos índios kapiekrans, teneteharas, apanyekras,Fernando Falcão, virou nome de município triste não é?
E agora Tadeu, você conhece Paranaidji, o rio de correntes morna à esquerda e gelada à direita? Um dos fenômenos que divertem os krikatis e os tucunarés pulando a três, cinco metros na piracema; ah, como vai ser bom, prá mim, passar o Réveillon no Rio, felicidade é saber que todos são combatentes em busca da liberdade, assim como o foram Jean-Paul Marat,Che Guevara, Spartacus, Djugurta, rosa Luxenbourg, sim Tadeu eles tem lugar certo na história do Humanismo, o canto de paz de Melina Mercouri, Edith Piaf, Yves Montand, Juliette Grecco, os hinos de guerra de povos imemoriais: Adelante!
O mais doloroso, Tadeu nesse cipoal foi você não seguir e realizar o projeto ofertado pelo Iranildo Azevedo, a situação seria outra. Preferiste ser esnobe e ouvir os sátapras, ficou pautado por uma sigla de aluguel e a banda podre do Julio França, que coisa, hein! Uma saia-justa, você não sabia que o presente é que justifica o passado, não, não sabe, sabem os antropólogos, os historiadores, os políticos e os marxistas.
Rompeu um acordo feito a mim e Iranildo Azevedo e inesperadamente lançou o nome do burocrata Clodomir Paz para prefeito. Eu segurei porque meu compromisso era com uma candidatura do PDT, lutei até o ultimo dia. Cheguei a sacrificar um projeto aprovado no Rio de Janeiro (Nova Bossa Nova Talk Show), agora os imbecis acusam que eu estava a seu serviço, não, eu estava e continuo a disposição de construir a vanguarda de lutas sociais com as maiores dificuldades possíveis. Não ajo como o pacifista Mahatma Gandhi, sou muito mais pela insubordinação social, organizada a partir das bases.
Teu rompimento com Clodomir foi mais desastroso que o lançamento deste para candidato. Sua opção pelo falso comunista foi chocante. Não é que eu tenha tomado posição aleatória, não foi isso, Tadeu, fui preso político, torturado,exilado, vilipendiado e conspurcado em meus direitos, não poderia votar no biônico da ditadura militar, não conciliei, estou tranqüilo. Assim como não estou tão feliz com a eleição do imperialista Barak Obama, os representantes do capitalismo em agonia não me enganam, ainda não são os últimos estertores do neoliberalismo nem da globalização.
Vai ser dura a luta pela reorganização partidária, já sofro os primeiros sintomas nesta trincheira (o MPAC), um segmento ideologicamente sólido em relação aos conceitos culturais, concepções filosóficas, até porque nossas convicções ideológicas estão cada dia mais sólidas; temos muitas coisas para concertar, e levamos em conta que as práticas é um critério da verdade, não tenho vaidades políticas, mas quero lembrá-lo do que lhe disse, certa feita, em seu Gabinete na Prefeitura, que corrias o risco, pelas suas teimosias, de ir acabar sua carreira política na “lata de lixo da história.
A diferenciação e diversidade do Movimento Popular de Ação Cultural-MPAC/PDT, é que nos caracteriza, pelo menos nesta fase transitória, a dialética política partidária, de onde advirá certamente um processo evolutivo de lutas internas, da formação da vanguarda trabalhista. Nosso destino é lutar, somos o lócus do equilíbrio.

Nei Melo
Antropólogo, produtor cultural.
Presidente do MPAC/PDT-MA
neimelo.brasil@hotmail.com

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